terça-feira, setembro 27, 2011

Analisando Imagens - O Papiro de Hunefer

Livro dos Mortos de Hunefer - Tebas, Egito (19ª dinastia, 1275 a.C.). 45.700cm de altura e 83.400 cm de comprimento Localização atual: Museu Britânico nº: EA9001 (clique aqui para ampliar)

   Para os egípcios havia uma crença no divino e na vida após a morte e para aderir a essa vida era necessário que o corpo do defunto fosse preservado. Os egípcios acreditavam que possuía uma parte espiritual, física ou aspectos. Além do corpo possuíam um šwt (Sombra), um ba (Alma), um ka (Força vital) e um nome. 
    O objetivo final do defunto era voltar a seu ka e ba e tornar-se um morto abençoado, vivendo como um akh, ou "unidade real". Para que isso aconteça, o falecido tinha que ser julgado digno no Tribunal de Osíris, como mostra o livro dos mortos de Hunefer. 
    Na crença dos antigos egípcios esses textos eram obra do deus Thoth, lendo o papiro da esquerda para a direita, o morto (nesse caso Hunefer) é conduzido pelo cabeça de chacal Anúbis, a uma balança onde o coração do morto será pesado contra uma pluma de avestruz, símbolo da verdade, a pesagem é confiada a Hórus e a Anúbis. O cabeça de Íbis, Thoth, o escriba dos deuses anotava o resultado em um papiro, se o coração fosse mais leve que a pena o morto poderia passar, caso contrario, Ammut uma criatura que fica próximo a balança com partes de Crocodilo, Leão e Hipopótamo o devora, acima da balança esta uma cabeça humana.
    Em seguida o morto é levado pelo cabeça de falcão Hórus, para o trono do pele esverdeada Osíris, deus do submundo, que esta acompanhado por Ísis e Néftis, Osíris tem em suas mãos o cetro e o leque (Símbolos de soberania e domínio), usa uma coroa Atef, seu corpo mumificado, seu cavanhaque curvado indica que está morto, o teto é encimado por uma cabeça de falcão e de cobras, a frente de Osíris tem uma flor de lótus e sobre ela os quatro filhos de Hórus, Imseti (Questa), Hãpi (Hapi), Tuamutef (Duamutef), Quebsenuf (Kebehsenuef) , cada deus estava também associado a um ponto cardeal e a uma deusa, respectivamente: Homem-Fígado-Sul-Ísis, Babuíno-Pulmões-Norte-Néftis, Chacal-Estômago-Leste-Neit, Falcão-Intestinos-Oeste-Serket. Alguns textos referem-se a eles como estrelas, surgindo os seus nomes nas listas de estrelas da época do Império Novo, no papiro elas aparecem mumificadas e presidem a passagem do coração na Sala das Duas Verdades. 
    Os 14 deuses do Egito que aparecem sentados acima estão lá como juízes, o morto está com as mãos levantadas no sentido de adoração aos deuses, de acordo com o papiro de Nu, esta parte seria a hora em que o morto diante dos 42 deuses, chama o nome de cada um e fala os pecados que não cometeu, é a “Confissão Negativa”, logo após o morto iria ao texto final quando ele chegava ao mundo inferior. As inscrições que acompanham toda a cena formam as orações postas na boca do morto, que ele terá que falar em cada estagio do julgamento.
    A idéia central do Livro dos Mortos é o respeito, verdade e a justiça, mostrando o elevado ideal da sociedade egípcia. Era crença geral que diante de Osíris de nada valeriam as riquezas, nem a posição social do falecido, mas que apenas seus atos seriam levados em conta.

 Por: Flávio Denner



Fontes: 
BUDGE, E. A. Wallis Ernest Alfred Wallis (Sir). O livro egípcio dos mortos. São Paulo: Pensamento, 1995. 3v em 1. cap. 30a, 30b, 125. 567p.

DONADONI, S. O morto. In: DONADONI, S. (dir.) Márcia. O Homem Egípcio. Lisboa: Editorial Presença, 1994. p. 215-236.

BRANCAGLION JUNIOR, Antonio. Manual de Arte e Arqueologia do Egito Antigo II. Rio de   Janeiro: Sociedade dos Amigos do Museu Nacional, 2004. 157p.

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